quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Bocadinhos de texto

In "A Concise
Chinese-English Dictionary
for Lovers",
de XIAOLU GUO:

You are alone. You sit almost beside me. Two seats between us. Your face quite pale in the dim light, but beautiful. I too am alone in the cinema. I always alone in the cinema before I meet you. I am bit confused whether if cinema make me less lonely or even more lonely. (...)

I think the loneliness in this country is something very solid, very heavy. It is very touchable and reachable, easily.

The loneliness comes to me in certain hours everyday, like a visitor. Like a friend you never expected, a friend you never really want be with, but he always visit you and love you somehow. When the sun leaves the sky, when the enormous darkness swallow the last red strip in the horizon, from that moment, I can see the shape of loneliness in front of me, then surround my body, my night, my dream.

Something missing, something lost in my life, something which used to fulfill in my China life. (...)

But here, in this place in the West, I lost my reference. And I have to rely on my own sensibility. But my sensibility toward the world is so unclear.


'Love', this English word: like other English words it has tense. 'Loved' or 'will love' or 'have loved'. All these specific tenses mean Love is time-limited thing. Not infinite. It only exist in particular period of time. In Chinese, Love is '爱' (ai). It has no tense. No past and future. Love in Chinese means a being, a situation, a circumstance. Love is existence, holding past and future.

If our love existed in Chinese tense, then it will last for ever. It will be infinite.


Sobre XIAOLU GUO:

http://www.guoxiaolu.com/
http://en.wikipedia.org/wiki/Xiaolu_Guo

Xiaolu Guo, who lives in London, has made several films and written several books; this novel is her first written in English. The narrative device she uses is ingenious and risky: a kind of diary kept by a young Chinese woman coming to England to improve her shaky knowledge of the language. It begins: "(SORRY OF MY ENGLISH)". The story is about "I" and "you", and the title promises us love. The book keeps the promise. It is also, of course, about language, and translation, and the immense difference between thinking in Chinese and thinking in English, and being Chinese and being English, and about what can and cannot be understood between even the tenderest lovers.

Her novel, A Concise Chinese-English Dictionary for Lovers, is deliberately written in raw, broken English, but even so it is a remarkable testament to Xiaolu’s capacity to absorb and render idiomatic English.

It takes a particular sort of mentality to be able to absorb a language organically, but a brain of an altogether different order to be able to write well in another tongue.

What, I ask Xiaolu, are my chances of picking up Mandarin in a mere five months? “Not unless you are really crazy and mad. For Mandarin you really need to go there and have a Chinese lover.”

This is not an altogether bad idea. But finding a Chinese lover is not on the curriculum of the teach-yourself Mandarin course.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Tempo lento, tempo leve, tempo intenso

Estou de férias. Saí de Portugal há 4 meses e tenho gasto o tempo a pensar que devo começar a organizar-me, devo começar a estudar, devo começar a viver a experiência asiática intensamente. 4 meses são tempo suficiente para qualquer começo mas, ao olhar para trás, sinto que os meus dias em vez de intensos foram dormentes. Foram filmados em câmara lenta e editados aleatoriamente. Não consigo gerir o tempo. Inicialmente por causa do calor intenso, mais tarde por causa do cansaço intenso, depois por uma inércia intensa e, agora, pelo intenso acesso introspectivo que me imobiliza e estupidifica... Todos os meus planos de descoberta e aventura estão também adormecidos, adiados, comprometidos. Resolvi ficar em Macau e limitar a minha exploração durante as próximas semanas a estes pequenos 30 km2 entre Macau, Taipa e Coloane... e à minha rua, à minha casa, a mim. Vai ser um intenso descanso.

Algumas imagens da dormência pré-férias:

sábado, 13 de dezembro de 2008

O Visor do Cinema Asiático: os trailers



冷酷仙境.
Nós Fomos ao País das Maravilhas
We Went to Wonderland
中國.China /英國. Reino Unido.U.K./ 2008 /黑白.P/B.B&W / Betacam / 76’ / A組.Grupo A.Group A
普通話及英語對白,英文字幕.Em mandarim e inglês com legendagem em inglês.In Mandarin and English with English subtitles
導演.Re..Dir:郭小櫓.Guo Xiao-lu

2008鹿特丹國際電影節參展電影
2008布宜諾斯艾利斯國際電影節參展電影

Selecção Oficial, Festival Internacional de Cinema de Roterdão de 2008
Selecção Oficial, Festival Internacional de Cinema de Buenos Aires de 2008

Guo Xiao-lu, autora do aclamado documentário dramático COMO ESTÁ HOJE O SEU PEIXE? (4° Festival de Cinema Asiático de Hong Kong), é a realizadora de NÓS FOMOS AO PAÍS DAS MARAVILHAS, uma invulgar viagem ao ocidente protagonizada pelos seus próprios pais. Filmado em preto e branco, utilizando a função de filmar de uma câmara fotográfica digital, este documentário minimalista conta-nos a primeira e provavelmente última viagem dos pais – o pai dela sofre de cancro – à Europa, mostrando não tanto a clivagem cultural mas sim a compreensão íntima de duas pessoas à descoberta de um mundo maior. Guo permanece invisível por detrás da câmara, com a sua técnica descontraída, as imagens evocadoras, e os dois protagonistas singulares a indicar o caminho.


Como alinhavei na mensagem anterior, o cinema chinês tem sido uma grande e boa surpresa pela sensibilidade, sentido de humor e qualidade da realização. Muitos dos realizadores (que descobri neste festival e graças aos empréstimos generosos de VCDs da minha professora de Cultura Chinesa Han Li Li) são jovens que já não fazem cinema de propaganda como os seus antecessores, mas que inovam na arte, no argumento, nas técnicas. Sei que os meus gostos cinematográficos (e muitos outros gostos) não são normalmente unânimes ou convencionais. Mas, afinal, este blogue é meu! Ignorem ou experimentem, tanto faz.

Aquela experiência mágica da sala escura - o grande ecrã, o som envolvente, o anonimato dos outros espectadores, o esforço de conter a lágrima quando a musiquinha manipuladora explora o meu sentimentalismo (eu deixo-me manipular, choro sempre) ou de conter a gargalhada quando ela apetece porque, como as piadas são subjectivas e nem sempre rimos quando todos riem, não queremos incomodar a sala perdendo assim a feliz discrição do anonimato... ora, aqui não é muito mágica. Já me tinham avisado de que uma ida ao cinema em Macau seria um momento muito colectivo, mas nem esse aviso me poupou da decepção.

Existe aqui toda uma dinâmica à qual sou alheia. Aqui as piadas são objectivas, as lágrimas também devem ser. Porquê? Aqui todos os espectadores (menos eu e os outros 4 ou 5 que lá estavam de boca aberta a tentar perceber) estão sincronizados ao segundo na expressão das emoções. Sabem exactamente quando dizer "AAHHH", "OOOHH", "UUH", e com que tom e intensidade. Eu demoraria muito tempo a interiorizar esta coordenação bizarra do sentimento e da comoção... por isso vou apenas deixar-me estar e abrir a boca nos momentos certos, ou não. Infelizmente, duvido que as boas razões para ir ao cinema se repitam muito, aqui que as salas são poucas e têm de respeitar os gostos da maioria e não os estranhos e pouco convencionais; prefiro contar com a generosidade da minha professora.

Dito isto, os filmes são bons. Vou excluir dois, um porque o achei muito mau e o outro porque foi um teste à minha capacidade de nunca adormecer durante um filme (de que me orgulho) por se tratar de um documentário sobre pescadores no Rio Amarelo que, curiosamente, passaram o filme a pescar... Deixo então a amostra do meu preferido "Nós Fomos ao País das Maravilhas" (acima), já mencionado antes; do PK.COM.CN, o de ritmo mais alucinante e musical e jovem; do filme de encerramento, "Bilhete". Comentem.




PK.COM.CN

中國China / 2008 /彩色.Cor.Color / 35mm / 91’
普通話對白,英文字幕.Em mandarim com legendagem em inglês.In Mandarin with English subtitles
導演.Re..Dir:小江.Xiao Jiang
演員.Elenco.Cast:陳柏霖.Chen Bo-lin, 房祖明.Jaycee Chan, 牛萌萌.Niu Meng-meng

2008烏甸尼遠東電影節參展電影
Selecção Oficial, Festival do Extremo Oriente Udine de 2008
2008上海國際電影節參展電影
Selecção Oficial, Festival Internacional de Cinema de Xangai de 2008

Numa deriva entre ficção e realidade, PK.COM.CN regista os sonhos e os conflitos da jovem geração urbana da China de uma forma despida de preconceitos, com uma desenvoltura visual invulgar e um humor negro levado ao absurdo. Jaycee Chan and Wilson Chen encarnam os dois companheiros do filme, Wenfeng e Yinchuan, que na universidade viveram juntos os ritos caóticos da juventude e a procura de uma identidade pós-moderna. Wenfeng espera rever o seu amigo num encontro de ex-alunos mas, afinal, é a namorada de Yinchuan que aparece e revela a verdade chocante sobre Yinchuan e sobre ele próprio.





車票.Bilhete.Ticket

香港.Hong Kong / 2008 /彩色.Cor.Color / 35mm / 110’ / B組.Grupo B.Group B
普通話對白,中英文字幕.Em mandarim com legendagem em chinês e inglês.In Mandarin with Chinese and English subtitles
導演.Re..Dir:張之亮.Jacob Cheung
演員.Elenco.Cast:左小青.Zuo Xiao-qing, 吳奇隆.Wu Chi-lung, 葉童.Cecilia Yip

Depois do seu reconhecido êxito DUELO DE ASTÚCIA, Jacob Cheung regressa aos dramas humanos plenos de sensibilidade pelos quais é mais conhecido. Yue, uma jornalista, foi abandonada em bebé e não perdoa os pais que nunca conheceu. Ao fazer uma reportagem sobre a trágica história de uma mulher grávida, Yue fica a saber que a sua mãe adoptiva está a morrer e que o seu último desejo é que Yue conheça a sua mãe biológica. Tendo como pista apenas um bilhete de comboio, Yue embarca numa longa viagem pela China para conhecer a sua mãe e saber por que esta a abandonou.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Cinema em Macau

Finalmente fui ao cinema, depois de um jejum de 3 meses. Entre 26 e 30 de Novembro vi 5 filmes, o que denuncia o meu desespero em voltar a encontrar um grande ecrã. Logo que possa, adicionarei aqui uns trailers para perceberem como o cinema chinês pode ser interessante. Para já, fica o resumo do festival na página do CCM... e do filme de que gostei mais, a seguir.

O Visor do Cinema Asiático 2008

Em 2008, “O Visor do Cinema Asiático" (VCA) do Centro Cultural de Macau prepara-se para entrar numa nova etapa: a partir de agora, o festival de cinema vai decorrer de dois em dois anos, e cada edição vai focar um país ou região asiática em particular. Mantendo-se fiel ao lado mais alternativo e artístico do cinema oriental, o VCA vai debruçar-se sobre o que está a acontecer num dado país asiático, dos seus cidadãos às suas mudanças recentes. Esta reflexão será aprofundada com vários debates abertos ao público que vão introduzir e analisar cada um dos filmes sobre o país em causa. Este ano, o VCA vai incidir sobre a China, projectando uma selecção especial de filmes e documentários, assim chamando a atenção do público de Macau para o panorama social do nosso país. O crescimento da China nos últimos anos tem sido impressionante, e este rápido progresso também tem afectado a indústria cinematográfica, abrindo espaço para filmes mais variados e artísticos.


冷酷仙境.
Nós Fomos ao País das Maravilhas
We Went to Wonderland
中國.China /英國. Reino Unido.U.K./ 2008 /黑白.P/B.B&W / Betacam / 76’ / A組.Grupo A.Group A
普通話及英語對白,英文字幕.Em mandarim e inglês com legendagem em inglês.In Mandarin and English with English subtitles
導演.Re..Dir:郭小櫓.Guo Xiao-lu

2008鹿特丹國際電影節參展電影
2008布宜諾斯艾利斯國際電影節參展電影

Selecção Oficial, Festival Internacional de Cinema de Roterdão de 2008
Selecção Oficial, Festival Internacional de Cinema de Buenos Aires de 2008

Guo Xiao-lu, autora do aclamado documentário dramático COMO ESTÁ HOJE O SEU PEIXE? (4° Festival de Cinema Asiático de Hong Kong), é a realizadora de NÓS FOMOS AO PAÍS DAS MARAVILHAS, uma invulgar viagem ao ocidente protagonizada pelos seus próprios pais. Filmado em preto e branco, utilizando a função de filmar de uma câmara fotográfica digital, este documentário minimalista conta-nos a primeira e provavelmente última viagem dos pais – o pai dela sofre de cancro – à Europa, mostrando não tanto a clivagem cultural mas sim a compreensão íntima de duas pessoas à descoberta de um mundo maior. Guo permanece invisível por detrás da câmara, com a sua técnica descontraída, as imagens evocadoras, e os dois protagonistas singulares a indicar o caminho.

sábado, 22 de novembro de 2008

Overdose de mim

Para dizer a verdade, quando alguém publica muitas imagens de si próprio, não consigo evitar pensar que há ali uma boa dose de narcisismo... Mas entendo que, 3 meses depois, haja curiosidade em me pôr novamente a vista em cima, portanto lá resolvi abrir uma excepção e deixo-vos aqui uma verdadeira overdose de mim, graças às fotografias de uma colega durante o concurso de poesia do IPM. Vejam também as actuações dos meus colegas, grande momento. E, já agora, outra imagem durante um churrasco na ilha de Coloane. Espero assim acabar com as reclamações de falta de provas da minha presença em Macau (reparem no símbolo do IPM aí em baixo) e de falta de zoom (vejam bem as minhas imperfeições cutâneas e primeiras rugas).
Também já tenho saudades.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Noites de Macau

Não é que eu ande a deambular nas ruas de Macau pela noite fora, ou me aventure muito pela noite dentro, mas a noite é longa, movimentada e cheia de luz. Se não vejam...



quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O meu trabalho em Hong Kong

Fiz a minha primeira conferência no Oriente, em Hong Kong de 3 a 6 de Novembro. Para quem me queria ver, aí estou eu com algumas das pessoas com/para quem trabalhei neste fórum da Microsoft para educadores inovadores. Era uma delegação brasileira, com uma professora portuguesa no meio, já que se tratava da apresentação de projectos de colaboração internacional, de metodologias de ensino eficazes e envolventes, da aplicação das tecnologias em geral para entusiasmar o aluno e integrá-lo activamente na sua própria aprendizagem. Fiquei a saber que é isso que tentam fazer professores inovadores em todo o mundo e a minha admiração pelo seu trabalho tornou-se ainda maior. Há quem não deixe de tentar fazer a diferença, investindo nas crianças e nos jovens e mostrando-lhes que aprender também é um jogo, uma aventura, uma descoberta que não acaba nunca. Foi uma estreia agradável no mercado asiático e uma excelente oportunidade para me adentrar nesta realidade profissional espacialmente diferente, ainda por cima com um desfecho festivo porque ambas as equipas que acompanhei viram o seu trabalho reconhecido na feira!

Gosto das viagens de jetfoil, da partida, da chegada. Chovia. A partida e a chegada fizeram-se turvas e nubladas e melancólicas. Os quatro dias em Hong Kong foram intensos, repartidos entre o Langham Hotel em Tsim Sha Tsui (local da conferência), a Asia Expo na zona do aeroporto (local da Feira) e o meu Mingle Place Hotel, em Sheung Wan, ao lado do terminal marítimo HK-Macau, com um micro-quarto (aparentemente comum em HK) onde me movimentei sempre com medo de ficar com nódoas negras, com equipamento hi-tech que incluía 10 canais de TV, 200 filmes e uma playlist musical muito extensa e de gosto muito questionável, mas que não incluía um telefone operacional nem pilhas para os três telecomandos cuja utilização não cheguei a perceber totalmente.

Não tive tempo para programas culturais, como tinha planeado. Só para percorrer a pé e à toa ruas sempre a abarrotar de gente, de vida, de idas e vindas. A Nathan Road é um espaço curioso onde se juntam nacionalidades diversas, hospedadas nas famosas Chungking Mansion e Mirador Mansion, um local pródigo em histórias de vida a utilizar num qualquer estudo sociológico ou antropológico ou etnográfico... Jantei no Kowloon Park, vi a Sinfonia das Luzes uma vez, fiz compras, almocei no Pico Victoria e visitei o Museu da Defesa Costeira de HK no âmbito do fórum. Mais nada. Voltei a Macau para estudar chinês!

Volto a Hong Kong qualquer dia...

MTR, o excelente metro de Hong Kong, com carruagens tão longas que o horizonte se perde enquanto a viagem se serpenteia... E os eléctricos estreitinhos no trânsito nocturno da zona de Sheung Wan, onde fiquei hospedada no quarto mais pequeno do mundo, ou quase.

A acabar, a Sinfonia das Luzes, um espectáculo de luz e som
realizado todos os dias na zona do porto,
em Tsim Sha Tsui, 14 minutos psicadélicos de
"comunicação" entre os edifícios dos dois lados do delta,
um gasto excessivo de energia na minha opinião.