sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Malásia: Kuala Lumpur e Malaca

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Kuala Lumpur
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Malaca
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A única imagem que eu tinha da Malásia era a das Torres Petronas em Kuala Lumpur e, por isso, não tinha particular curiosidade em visitar o país. Mas era conveniente, porque é um dos melhores pontos na Ásia para fazer escala entre países. Acabei por ter uma boa surpresa. KL é uma cidade multi-cultural, os seus habitantes são animados e simpáticos. Não subi às Torres porque era preciso aguentar uma fila enorme que não quis aguentar; contentei-me com as vistas do lado de fora. Há edifícios muito bonitos de linhas árabes e zonas de prédios baixos e coloridos como aquela onde fiquei hospedada. Visitei uma grande mesquita e a velha estação. Passeei pelas ruas ordeiras e limpas da cidade. E achei que é uma cidade interessante.

Depois fui para Malaca, onde vivi um dos grandes momentos da viagem. A cidade em si não me impressionou; é pacata e arrumada, as pessoas também simpáticas e prestáveis. Assim que chegámos, comemos “Curry Puffs”, umas empadinhas saborosas, e “Celdon”, uma mistura estranha que toda a gente come em esplanadas na rua e parece ser uma especialidade da Malásia, feita de leite de coco com feijão e gelo. Pouco sobra d’“A Famosa”, a fortaleza edificada pelos Portugueses à chegada em 1511. O museu da cidade também foi algo decepcionante. De resto, a cidade é muito simpática. E, depois de descobrirmos a aldeia portuguesa, criou-se a oportunidade para um serão fantástico.

Ainda existe em Malaca uma comunidade de origem portuguesa, onde se fala o “Cristão”, uma espécie de português arcaico que os mais jovens infelizmente já não aprendem. Percebemos que estávamos a chegar quando as ruas assumiram nomes portugueses, embora desconhecidos para nós, de grande importância local. Lá descobrimos o recanto composto de 3 ou 4 restaurantes que servem pratos (chamados) portugueses. Jantámos no Restaurante Lisboa um prato de fusão da gastronomia portuguesa com a malaia enquanto conversávamos, não sem dificuldade de expressão, com um velhote da casa que nos ia explicando que, se queríamos saber coisas sobre a comunidade portuguesa de Malaca, era com o Papa Joe que devíamos falar… Antes de termos tempo de procurá-lo, aparece-nos na esplanada um senhor simpático a meter conversa com os visitantes (aparentemente os únicos da noite); era o Papa Joe. Depois de uma generosa apresentação exclusiva de dois ou três fadinhos que fazem parte do repertório do seu espectáculo regular no café mesmo em frente, convidou-nos a ir lá tomar um copo. Os copos foram vários, à medida que os habitués iam chegando e o ambiente animando… Acabei o serão num bar cheio de velhotes e menos velhotes que tocavam e cantavam (já não o fado) só porque lhes apetecia, cheios de vontade e cumplicidade. A clientela foi-se diversificando e, além da representação portuguesa, apareceram indianos, franceses, “cristãos” e malaios… Foi uma noite fabulosa, com o Papa Joe a alternar as canções com descrições humildes, apesar do visível orgulho, dos seus projectos de promoção da cultura portuguesa que incluem, além das noites de fado, um grupo de rancho folclórico que já dura há muitos anos e do qual é director e coreógrafo (vimos espalhados pela cidade cartazes que publicitavam concertos do rancho). Ainda tive direito à oferta de um DVD com actuações do grupo. E foi por isto que a visita a Malaca foi formidável.

O álbum completo da Malásia:

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