A minha viagem começou em Hanói, que é certamente a cidade com o trânsito mais caótico, barulhento e louco onde já estive. Chegámos à noite, por isso apanhámos um táxi para um hotel aconselhado por uma turista italiana que tratava do visto ao nosso lado. Esse percurso de táxi acabou por ser a primeira de várias peripécias. O turismo nestes lados tem essa faceta aborrecida, às vezes saturante, de ter de lidar com abusos e explorações, que levam a constantes regateios e desconfianças. Em quase todos os países onde estive, os locais parecem ver não um turista, mas um cifrão ambulante... e só não aproveitam isso se não puderem. Portanto, na minha primeira impressão do Vietname, o taxista e o rapaz que trabalhava na angariação de turistas (ainda me lembro que se chamava Minh) pararam duas vezes no caminho, a pedir mais dinheiro além dos 15 dólares combinados, supostamente para pagar portagens. Conseguimos recusar-nos a pagar mais, não sem algum receio das consequências.
O dia seguinte foi passado a caminhar muito, por toda a cidade de Hanói, que é bonita apesar do caos, com o seu lago Hoan Kiem, ponto de encontro para a descontracção de jovens e velhos e crianças, nas suas leituras, conversas, namoros e descansos. Os vietnamitas são muitíssimo simpáticos, como o são também os vizinhos do Laos e Cambodja (em próximos episódios). Têm um sorriso pronto e aberto e parecem conseguir a proeza de viver tranquilos no meio de buzinas infernais e um movimento que a mim rapidamente causaria esgotamento mental e físico.
Ficámos alojados no Old Quarter, Bairro Antigo, zona de hospedagem de baixo orçamento, bares, restaurantes e bia hoi (bares para beber cerveja, de preferência a local Hanoi, nada má por sinal), ideal para sentir o rebuliço da vida vietnamita. Também andámos pelo French Quarter, Bairro Francês, ligeiramente mais sofisticado e menos agitado. Chegámos demasiado tarde ao Templo da Literatura, que foi casa da primeira universidade do Vietname e é dedicado a Confúcio. Dedicámo-nos mais à actividade radical de caminhar pelas ruas e atravessá-las (um guia disse-nos mais tarde o segredo para circular em Hanói, já depois de o termos descoberto às nossas custas: fechar os olhos e andar a passo seguro, sem parar... as motas que se entendam). Um dia é muito pouco, mas o certo é que não sei quantos dias resistiria o meu sistema nervoso ainda desabituado aos milhares e milhares de motas que aparecem vindas de todas as direcções e se coordenam habilmente (não vi nenhum acidente!) passando a milímetros umas das outras e dos transeuntes. Apesar de tudo, é verdade que parece estar tudo sob controlo...
Foi também em Hanói que tive o primeiro contacto com o tuk-tuk, que seria quase omnipresente no resto da viagem. O tuk-tuk é como o riquexó, mas motorizado. A cada 10 metros caminhados, um condutor de tuk-tuk (às vezes vários em simultâneo) oferece os seus serviços, insistentemente. Os vietnamitas não gostam que os turistas se cansem. Nas zonas comerciais, as ofertas insistentes de serviços intensificam-se e não há nada a fazer se não habituar-se, porque quem viaja no Sudeste Asiático tem que aprender a dizer que não... espero ter aprendido!
A seguir, Vietname - Norte: 2. Halong Bay
(Aqui está o álbum completo da viagem ao Norte do Vietname)